29% dos consumidores usaram nome de terceiros para fazer compras no último ano, aponta CNDL/SPC Brasil

Muitos brasileiros recorrem a amigos e familiares para realizar compras a prazo quando estão com problemas de crédito. O empréstimo de nome é uma atitude solidária, mas que pode acarretar prejuízos e constrangimentos. Pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com o Sebrae, mostra que 29% dos consumidores fizeram compras com cheque, cartão de crédito, crediário, empréstimo ou financiamento, utilizando o nome de outra pessoa nos 12 meses anteriores à pesquisa, sendo que 23% utilizaram o cartão de crédito; 4% usaram o cartão de loja e 2% contrataram empréstimos.
De acordo com o estudo, a prática é utilizada, principalmente, por quem está com dificuldades de acesso ao crédito ou enfrenta imprevistos e não conta com uma reserva de emergência. A principal razão para fazer compras em nome de outra pessoa apontada pelos entrevistados foi o CPF negativado, mencionado por 23% dos que recorreram à prática. Também se destacou o limite de cheque ou cartão estourado (23%); a não aprovação de crédito (13%); e o fato de nunca ter tentado contratar crédito no próprio nome (13%).
Na avaliação do presidente da CNDL, José César da Costa, o consumidor que empresta seu nome precisa refletir sobre as consequências do ato, pois a responsabilidade legal sobre a dívida é sempre de quem emprestou, já que, formalmente, ele é o titular da pendência financeira.
“Pode ser difícil dizer não a um amigo ou familiar, principalmente quando se alega dificuldades financeiras, mas é possível ajudar indicando a renegociação de dívidas, a reorganização das finanças ou mesmo sugerindo a venda de algum bem. O artifício do empréstimo de nome pode gerar transtornos para ambas as partes, trazendo danos financeiros, emocionais e até mesmo abalando relações de amizade e parentesco”, destaca Costa.
Pais e cônjuges são os mais abordados por quem pede nome emprestado; 12% dos que emprestaram o nome para terceiros fazer compras ficaram com o nome sujo
O estudo revela ainda que, na hora de pedir o nome emprestado, as pessoas mais procuradas são aquelas do círculo de convivência, como os pais (23%), em seguida, apareceram o cônjuge (21%); os outros familiares (20%); os irmãos (17%) e os amigos (14%).
A pesquisa revela que os argumentos de convencimento mais utilizados por quem pede o nome emprestado variam: 19% mencionaram a necessidade de fazer supermercado; 15% citaram o pagamento de dívida; e 14% citaram a necessidade de comprar roupas, calçados e acessórios. Além desses, também se destacou a necessidade de comprar itens para os filhos (11%); a reforma da casa (10%); e a compra de presentes em data especial (8%).
“Quem empresta o nome precisa entender a real necessidade do outro lado. Muitas vezes, a melhor ajuda é orientar esse amigo ou familiar a dar prioridade para o pagamento de dívidas em vez de estimular que a pessoa assuma mais compromissos, sem saber se ela terá condições de arcar com o pagamento mais para frente”, explica o presidente da CNDL.
A maioria dos consumidores (87%) afirma que quitou ou tem quitado as parcelas em dia, mas há 16% que deixou atrasar o pagamento da prestação de pelo menos alguma modalidade de crédito acessada através do nome de terceiros. Entre aqueles que atrasaram as parcelas de compras feitas em nome de terceiros, 21% alegam ter perdido o emprego e 20% tiveram redução da renda. O atraso ou não pagamento de salário (20%), o esquecimento (18%), os gastos excessivos (17%) e os problemas de saúde (12%) também foram motivos mencionados.
Houve casos de negativação da pessoa que emprestou o nome, situação mencionada por 12% daqueles que deixaram de pagar as parcelas em dia. Além desses, 24% não souberam dizer se o atraso gerou negativação do amigo ou parente que emprestou seu nome.
Independentemente de ter atrasado ou não, 30% desses consumidores relatam que estão sendo cobrados por quem emprestou o nome, sendo a confiança o motivo mais citado para a reivindicação da quitação da dívida, citada por 11%.
Fazer pelo outro aquilo que outro faz por você nem sempre se aplica neste caso: quatro em cada dez desses consumidores dizem que emprestariam o nome para um amigo ou familiar fazer compras (40%), mas a maioria (60%) se esquiva, preferindo não emprestar.
Itens de supermercado e eletrônicos são os itens mais comprados no nome de terceiros
Entre os produtos ou serviços comprados com o nome de terceiro, o mais citado foi as compras de supermercado (27%), seguidas dos eletrônicos (23%); itens de farmácia (21%); roupas, calçados e acessórios (21%); eletrodomésticos (14%); e móveis (13%), entre outros itens.
A grande maioria (67%) não sentiu dificuldade na loja para realizar as compras em nome de terceiros, enquanto 25% sentiram alguma dificuldade – metade desses nas lojas físicas e a outra metade nas lojas online.

Fonte: CNDL

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